segunda-feira, 20 de junho de 2016

Renúncia de Cunha







Afastado da Câmara dos Deputados desde maio, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) já não rechaça de maneira enfática a tese de que poderia abdicar da presidência da Casa para tentar salvar o seu mandato. Pelo menos é o pregam alguns aliados do peemedebista pelos corredores da Congresso Nacional.


Após uma novela de oito meses, a cassação de Cunha teve parecer favorável na última sessão do Conselho de Ética da Câmara ocorrida na última terça-feira (14). "Não quis me irritar. Não posso comprometer minha capacidade de reação", teria ponderado o maior agente do golpe após o desfecho da sessão que pode tirar de suas mãos o cargo de maior impacto político dos últimos 18 meses.
Diferentemente do clima que cercou o presidente da Câmara afastado nos primeiros 15 meses desde sua eleição, hoje o líder do golpe vive uma agenda de fuga dos holofotes, acusa a mídia burguesa de persegui-lo e as intermináveis filas de deputados pedindo conselhos sobre que decisão tomar já nào compõem sua rotina.
Possíveis saídas
Em sua coluna no portal da Folha de S. Paulo, o jornalista Janio de Freitas alertou para mais um horizonte de saída do rei das manobras, a dupla cidadania de Cunha. A notícia ganha importância diante do fato de que o presidente da Câmara afastado, prestes a ter o mandato cassado, também pode ver em breve o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar o pedido de prisão apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra ele.
"A esquecida ou ignorada cidadania italiana de Eduardo Cosentino da Cunha, brasileiro descendente de imigrantes de Castellucio Inferiore, passa a ter uma importância judicial não prevista, contra uma utilidade previsível por seu detentor. É o primeiro efeito da iminente decisão do ministro Teori Zavascki sobre as restrições à liberdade de Cunha, da prisão à tornozeleira eletrônica, a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot", observa o colunista.
Colecionador de crimes
Possuidor de uma cartela variada de denúncias, Cunha é acusado negociar propina para o contrato do estaleiro e de ter mentido na CPI da Petrobras ao negar ter contas no exterior. Agora, ele enfrenta sua terceira acusação, um dos delatores da 'Lava Jato', o empresário Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, afirmou que as empresas ligadas à construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, teriam que pagar R$ 52 milhões em propinas [cerca de ou 1,5% do valor total dos Certificados de Potencial de Área Construtiva (Cepac)] a Cunha.
Informações que circulam na imprensa, indicam que está previsto que o plenário do STF julgue, em 22 de junho, a segunda denúncia apresentada pela PGR contra Cunha, justamente a que está relacionada às contas bancárias no exterior.
Cunha tem ameaçando diversos telhados de vidro. O parlamentar já teria dito que, se cair, levará consigo cerca de 150 deputados, mais um ministro e um senador, de acordo com a coluna Andreza Matais e Marcello de Moraes, publicadas no Estado, na semana passada. Cunha, no entanto, nega que fará delação.
Mosqueteiros fiéis
Há um indicativo de que Cunha fará pronunciamento à imprensa, terça-feira (21), em um hotel de Brasília. Antes disso, na segunda (20), ele deverá se reunir com os seus aliados mais fiéis: Paulinho da Força (SD-SP) e Carlos Marun (PMDB-MS). Também participarão da conversa líderes do Centrão, Aguinaldo Ribeiro (PP), Rogério Rosso (PSD) e Jovair Arantes (PTB).
A ideia é que os integrantes de sua base reforcem a proposta de que ele renuncie ao cargo para cuidar de sua defesa. Nos bastidores, se ventila a possibilidade de Cunha fazer delação premiada, o que, se acontecer, estremecerá o governo Michel Temer.

Fonte: Portal CTB - Joanne Mota, com informações da Folha de S. Paulo

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