Andreia Verdélio e Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil
mulheres se acorrentou hoje (12) às grades que cercam o Palácio do Planalto logo após a saída da presidenta Dilma Rousseff do local. “Vamos ficar aqui até tirarem a gente”, disse a jornalista Bia Barbosa, explicando que o coletivo é formado por mulheres de diferentes entidades.
“Não reconhecemos a legitimidade do governo Michel Temer. Entendemos que esse processo é resultado de um golpe e é importante simbolizar a resistência que está acontecendo no Brasil inteiro”, disse Bia. Para ela, Dilma também foi afastada porque é mulher: “e são os direitos das mulheres que mais vão ser atingidos nesse governo se ele se consolidar depois do final do processo [de impeachment] no Senado”, completou.
Acorrentadas e sentadas no chão, elas seguravam cartazes que formam a frase “Resistência contra o golpe”.
Na lista de novos ministros divulgada pela vice-presidência não consta o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos. Além disso, nenhuma mulher foi nomeada como ministra para o governo interino.
Até o fechamento desta reportagem, as mulheres continuavam acorrentadas e disseram que cumpririam o "simbolismo" de, como Dilma saiu do Planalto "à força", elas também sairiam do local da mesma maneira. Pouco depois das 14h, três bombeiros foram até elas, um deles com um grande alicate, mas não chegaram a quebrar as correntes. Além das mulheres, um grupo de apoio permanece na avenida em frente ao prédio, com sombrinhas e algumas bandeiras.
Hostilização à imprensa
A Polícia Militar do Distrito Federal informou que cerca de 4 mil manifestantes, todos pró-governo, estiveram hoje na frente do Palácio do Planalto para acompanhar a saída de Dilma. Não houve ocorrências graves, nem violência física, mas a imprensa foi hostilizada por um grupo de manifestantes.
Antes do pronunciamento de Dilma a seus apoiadores na parte externa do Palácio do Planalto, os manifestantes derrubaram as cercas que isolavam a imprensa e cercaram os jornalistas por alguns minutos gritando “mídia golpista”.
No momento em que a presidenta Dilma terminou seu discurso e se dirigiu aos manifestantes para abraçá-los, parte dos presentes iniciou uma série de agressões a jornalistas. Os repórteres de texto e imagem que acompanhavam a movimentação foram deslocados para um cercado em que poderiam observar os acontecimentos, mas foram surpreendidos por militantes que se voltaram contra eles com agressões verbais e físicas.
Uma manifestante correu em direção a duas jornalistas e deu um chute em uma delas. Um cinegrafista foi derrubado no chão e outro profissional de TV, que transmitia ao vivo os fatos, teve o seu microfone retirado e também foi agredido fisicamente. A hostilização só não continuou porque outros jornalistas e membros da Força Nacional intervieram para proteger os profissionais de imprensa.
Edição: Denise Griesinger
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